Durante séculos, diversas culturas observaram o sol em sua incessante jornada pelo céu, mas ao invés de perceberem o ano de forma linear, elas o enxergavam como um ciclo contínuo, dando origem à roda do ano. Essa roda é composta por oito festivais chamados sabbats, que se repetem conforme a roda gira. Cada festival marca um momento significativo do ano e está relacionado a eventos naturais, como os solstícios e equinócios, bem como os pontos médios entre eles.
A roda do ano tem suas raízes nos antigos festivais agrícolas que marcavam os ciclos das estações e os momentos de colheita. Quatro dos oito sabbats são conhecidos como os grandes festivais celtas/irlandeses de fogo: Samhain, Imbolc, Beltane e Lammas. Eles representam os pontos médios entre as estações e são momentos de celebração e conexão com a natureza. Os outros quatro festivais solares são Yule (solstício de inverno), Ostara (equinócio de primavera), Litha (solstício de verão) e Mabon (equinócio de outono), cada um marcando uma transição importante no ciclo anual.
Os antigos círculos de pedra, como Stonehenge na Grã-Bretanha, e os túmulos ancestrais, como Newgrange na Irlanda, testemunham a observação cuidadosa das mudanças na posição do sol ao longo do ano. Os romanos celebravam o solstício de inverno com as festividades da Saturnália, enquanto os gregos realizavam os mistérios de Elêusis durante o equinócio de outono. Não é coincidência que muitos dos nossos feriados modernos estejam próximos às datas em que os antigos gregos, romanos, celtas e germânicos do norte da Europa celebravam seus dias especiais. De fato, ainda desfrutamos de alguns dos mesmos costumes e festividades que nossos ancestrais praticavam.
É importante ressaltar que a roda do ano foi originalmente concebida para o Hemisfério Norte. No entanto, no Hemisfério Sul, é necessário ajustar a roda em seis meses para coincidir com as estações do ano locais. Isso levou ao surgimento de diferentes abordagens. Alguns seguem a roda norte, independentemente do hemisfério em que se encontram, enquanto outros preferem seguir uma roda ajustada às estações locais. Também há aqueles que adotam uma abordagem mista, substituindo os sabbats menores pelas datas locais e mantendo os sabbats maiores nas datas originais. A escolha de qual roda seguir é pessoal e individual, permitindo a liberdade dentro da prática bruxaria.
A celebração da roda do ano nos conecta profundamente com os ciclos naturais, nos lembra de nossa dependência da terra e reforça a importância de honrar e proteger o mundo natural. Cada sabbat nos oferece uma oportunidade de celebrar a vida, reconhecer a interconexão de todos os seres vivos e buscar harmonia com a natureza em um mundo moderno e tecnológico.
Que a roda continue girando, trazendo consigo a renovação, a sabedoria ancestral e a celebração da natureza em todas as suas manifestações.